“Muitas pessoas me perguntam pelo meu ex-namorado, se eu tenho contato com ele, se eu sinto saudades dele ou se vamos voltar. Elas dizem que não acreditam que o nosso namoro acabou, afinal éramos tão perfeitos juntos, um amor tão grande, achavam que íamos nos casar. Respondo sorrindo que eu também achava isso. Que ele era o homem da minha vida e que seria meu marido e pai dos filhos que eu teria um dia. Mas não foi isso que aconteceu, vocês sabem.
Algumas dessas pessoas, as que não me conhecem tão bem ou que não convivem comigo o suficiente para perceber que eu só lembro dele porque as pessoas me perguntam sobre ele, não acreditam na minha tranquilidade, na minha certeza, na minha paz comigo mesma. Acho que isso acontece comigo porque eu sei o que se passa dentro de mim, eu sei até onde eu posso e quero continuar tentando e até onde ultrapassei meu limite. Eu sei quando não dá mais e não insisto no sofrimento. Prefiro ter consciência de que já tentei de tudo a insistir em algo que já acabou, até restar apenas desentendimento e ódio pelo outro. É preciso passar por todos os estágios até o fim, mas insistir no sofrimento também não leva a nada.
Não digo que não penso nele para ser melhor ou pior que ele, jamais irei desdenhar de um amor que me foi tão caro, digo porque é isso o que acontece, é apenas um fato. Não quero mal a ele, mas tampouco o quero de volta à minha vida. Eu sei que estou melhor sozinha. Eu sei que o nosso relacionamento foi ótimo e me deu momentos maravilhosos, mas acabou, é passado. Nos amamos muito, mas as dificuldades inerentes a qualquer relacionamento normal somadas à distância, brigas, ciúmes e possessividade acabaram por nos separar. Só que não vamos focar em mim, não é sobre isso que eu quero realmente falar.
Só amor não basta para fazer um relacionamento dar certo. Quantas pessoas conhecemos que insistem em relacionamentos há muito naufragados? Que vão se casar só porque namoram há anos e não tem coragem de terminar? Que se magoam e se ferem todos os dias, que não se entendem e não confiam um no outro, que mantém relacionamentos paralelos ou que simplesmente não conseguem conviver pacificamente com o outro e mesmo assim não conseguem dar um basta à relação? Pessoas que não acreditam que podem e devem esperar mais da vida e de um próximo relacionamento.
Porque sofrer eternamente se você pode ser feliz? Acredite, você pode e vai ser feliz novamente se você terminar um relacionamento. Você não vai ser a primeira pessoa (nem a última) a passar por isso. Não estou dizendo que não há sofrimento ou riscos, sempre há, mas muitas pessoas empurram um relacionamento com a barriga por medo do que virá depois. Já acabou, mas as pessoas se negam a enxergar isso. De fato, é preciso saber enxergar. Não é assim tão claro, ainda mais pela confusão de sentimentos que sempre permeia os fins dos relacionamentos. Se não há um motivo sólido, como uma traição ou algo que o valha, sempre fica o carinho, respeito e consideração pelo que foi vivido, mas isso não é amor.
Se você começa a se perguntar se é essa a pessoa da sua vida é o começo do fim. Se você se questiona se é com essa pessoa que você quer ficar de verdade é porque talvez outras pessoas começaram a parecer interessantes a sua volta. Se você não sente o mesmo prazer de sair e se divertir com essa pessoa do que com seus amigos é porque você deve ter se cansado da companhia do seu par. A sutileza é perceber que você não odeia aquela pessoa, mas também não a ama mais e que o relacionamento, infelizmente, acabou.
Se há amor ainda se pode tentar. Mas só amor, puro e simples, não é suficiente para sustentar uma relação. Às vezes é preciso ser egoísta e saber o que é melhor para si. Permanecer num relacionamento que te faz mais mal do que bem, que tem mais momentos ruins, de brigas, cobranças e acusações traz muitos transtornos emocionais (e talvez até físicos). Tudo é aprendizado e nos faz pessoas melhores e mais experientes pro que ainda vai vir. Do amor ao sofrimento, tudo é importante e faz parte da nossa evolução como seres humanos. Apenas liberte-se para a felicidade. Saiba o que fazer com a sua vida, pois ela é muito preciosa para que não sejamos felizes, pelo menos na maior parte do tempo. Sofrer é ruim, mas passa. Afinal, já diria a antiga máxima, antes um fim trágico do que uma tragédia sem fim.”